sexta-feira, 3 de julho de 2009

“Shattered Glass – Verdade ou Mentira”


O filme “Shattered Glass – Verdade ou Mentira” reflecte um olhar profundo e extremamente importante sobre o jornalismo enquanto profissão.
Baseado em factos reais, “Verdade ou Mentira”, relata-nos a história de Stephen Glass, um jovem de 26 anos, que entrou como estagiário para uma conceituada revista - “The New Republic”- e que rapidamente se tornou num excelente cronista, admirado por todos os colegas devido à sua capacidade de encontrar acontecimentos sobre os mais diversos temas, com uma facilidade incrível. À partida, “Steve” surge como um homem humilde, bom profissional, que relata a sua visão da profissão que exerce. Segundo ele, o jornalismo é um trabalho duro e intensivo, em que são os defeitos e as vacilações dos intervenientes que tornam um artigo interessante. Para Steve, O importante é o público-alvo, dando grande importância aos pormenores e revelando a necessidade de anotar tudo o que vê, tudo o que ouve.
Contudo, o desenrolar da história, vai desvendando o lado mais depreciativo de Stephen, desfazendo toda a personagem construída até então. O seu génio e profissionalismo aparente acabam por atraiçoa-lo. A sua carreira sólida desaba quando Adam Penenmberg, jornalista da revista on-line “Forbes Magazine”, põe em causa a veracidade de um dos seus artigos (Hacks Heaven). È um choque para todos, quando se descobre que 27 dos seus 41 artigos publicados foram inventados. A ambição desmedida de avançar na carreira, a busca de afirmação e sede de protagonismo levava “Steve” a imaginar histórias e personagens, criando artigos originais, lúdicos e entusiasmantes. E o ponto mais interessante de toda a história é quando nos apercebemos de que “Steve” é fascinado pelas suas próprias histórias, acreditando nelas e defendendo-as de forma obstinada e manipuladora, mesmo depois das suas mentiras serem descobertas. Embora o realizador não explore, explicitamente, a motivação para tais comportamentos, demonstra-nos a realidade por trás das aparências: as relações conturbadas que se vivem neste mundo, a procura da fama sem olhar a meios, a falta de espírito de equipa, o rigor e exigência desta profissão e o poder dos Media.
Na minha opinião, este filme é um excelente relato de um drama humano, que nos conduz a uma profunda reflexão sobre as responsabilidades inerentes à ética jornalística e à necessidade de uma perspectiva idealista, esclarecedora e cívica da parte dos jornalistas. Através das personagens temos a realidade sobre este mundo, e uma visão sobre determinadas práticas jornalísticas. È bastante perceptível a barreira marcada entre o que é certo e o que é errado. Leva-nos a concluir que o querer avançar, o querer ser melhor, pode trair-nos se não soubermos fazê-lo de uma maneira honesta, adequada a esta profissão, como o dever de confrontar todos os dados com a realidade, confirmar fontes, entre outras práticas. Fica ainda a certeza, através deste filme, de que a verdade é a única credibilidade admitida neste mundo e a melhor maneira para se ser um bom profissional e alcançar os nossos objectivos.

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